Risco de inadimplência das empresas brasileiras atinge patamar recorde
O risco de inadimplência das companhias brasileiras atingiu, em 2024, um patamar recorde, com o custo da dívida corroendo a geração de caixa das empresas mais endividadas.
Apresentado ao Valor Econômico, um estudo feito pela consultoria FTI revelou que o risco de calote das empresas atingiu, em média, 6,27%, marcando o pior desempenho da série histórica que teve início no ano de 2016.
Segundo especialistas, o reflexo já se mostra evidente no crescimento dos casos de reestruturação empresarial, podendo se estender para o início de 2025, diante do novo ciclo de aperto monetário.
O Valor Econômico consultou algumas fontes e, conforme avaliaram, embora casos de reestruturação já tenham ocorrido, há ainda na mesa nomes relevantes buscando por negociação dos credores, muitos já impactados pelo novo aperto monetário.
A FTI considerou para a análise 34 empresas com dívida externa emitida, levando em consideração para o cálculo também o indicador de risco Brasil, mas excluindo empresas do setor de serviços financeiros.
Além disso, no levantamento, não foi levado em consideração todas as emissoras brasileiras, mas aquelas já com alguma percepção de risco, muitas vezes identificadas pelos títulos de dívidas a serem negociados com desconto em relação ao valor de face do título.
O risco de inadimplência segue alto e fica em 4,29%, perdendo apenas do patamar de 2020, quando estava em 4,58%, isso mesmo desconsiderando as empresas que já estão em processo de reestruturação e incluindo recuperações judiciais e extrajudiciais recentes.
Para o diretor da prática de finanças corporativas da FTI Consulting, Luciano Lindemann, apesar do levantamento considerar somente as companhias com emissões de bonds, é possível interpretar que as demais também vivem o mesmo contexto de aumento de risco de inadimplência.
Assim, ele diz que é de se esperar que o número de reestruturações continue em curva crescente, uma vez que os juros retomaram o ciclo de alta no país e um alívio começará a chegar com a queda da curva futura de juros.
Para as empresas, ou ponto que pode ainda ajudar com dívida em dólar, será uma desvalorização da moeda americana frente ao real.
O executivo ainda lembra que muitas empresas se endividaram com liquidez do mercado de renda fixa e que, com isso, as reestruturações nos últimos doze meses aumentaram.
Se o cenário esperado pelas companhias não se concretizar, existe a leitura de que a crise financeira de muitas empresas poderá se aprofundar.
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